AMOR INCOMPLETO...
 
Você veio vindo como
 sempre
vinha vindo
dizendo indiferente
que nem
ligava para a vida,
porque a vida nunca havia
mesmo
ligado para teu
destino de brava guerreira.
 
E tudo o que você foi
conquistando
nada foi assim fácil,
mesmo quando de mim
alcançava meu
beijo de ti carente.
 
E se você se vestia de
branco ou de
vermelho  paixão,
contente eu me sentia
de qualquer modo
perto de ti.
E muitas vezes eu
mesmo
me confundia em
teu perfume,
que para mim trazia
sempre
a certeza de tua
presença,
porque era o teu
perfume...
 
E mesmo que fechasse
os olhos
pelo perfume eu te
reconhecia
Não num doce excessivo
de um Cabochard,
mas na suavidade de
um Givanchy II que me
inebriava todo.
 
Ah...essa tua inquietude...
esse teu ir
e vir constante !
Como se a pressa já
tivesse nascida a tempo
contigo
Para que teus beijos
fossem
também cheios de
estresse.
 
Ela não quer hoje saber
de mim...
e alega que não é por
causa dos ciúmes
Mas porque não dei o
valor justo
ao seu vestido branco
preferindo
sem que eu mesmo
percebesse
aquele vermelho
que ela gostava, mas
não tanto.
 
A questão hoje estava
mais posta
nesse aspecto do que
realmente no vestir-se.
Olhava no espelho...
de lado...de frente...
meio de costas..
Olhava..olhava...enquanto
a sua vaidade
se assentava melhor
no branco.
 
Tudo porque hoje estava
discreta
e não queria o quente
vermelho, pois
realmente ela mesma
reconhecia
que no branco estaria
mais a vontade
Apesar do decote baixo
realçar seus
belos seios sensualmente.
 
 
Ah...olho pela janela...
ela não termina
de se vestir,
porque sempre lhe falta
um detalhe,
pelo menos.
 
Um pássaro pousa na
amurada defronte...
dentre as
árvores todas molhadas.
 
E a chuva não pára...
não pára...
não quer dar tréguas,
enquanto
as plantas felizes se
parecem com ela,
essa mulher que para se
acertar num
vestido pode levar apenas
algumas horas.
 
Chegam mais pássaros...
porque eles
gostam muito da chuva.
E mesmo
encharcados eles saltam
felizes
de galho em galho.
E então me ocorre um
pensamento
enquanto ela se veste
nesta tarde.
 
Queria dizer que a amo
perdidamente.
Mas ela não acreditaria
mais em mim...
de nenhum modo,
porque ela diz que ,
como Maria,
também vou com as
outras.
 
Então me calo...e sigo
olhando
os pássaros...
Quando de repente ela
surge...
em seu lindo
vestido branco.
E logo me diz: o que você
acha do
meu vestido?
 
Puxa ! Está elegante
mesmo...
bem parecido
com você...
Ela dá uma giradinha...
mostra-se toda,
e depois
desaparece ...para calçar
seus sapatos,
também brancos.
 
Olho outra vez pela janela
e não há
mais nenhum pássaro.
Todos voaram...
como o amor que ela tinha
de mim...
em seu vestido branco,
já faz tempinho,mas
não muito.
 
 
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Autor: Cássio Seagull
Poesia que fiz em 02-10-10 às 21 horas em SP
Lua minguante – encoberto chuvas – 20 graus
Beijos e abraços...Bom domingo.
cseagull2@hotmail.com
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