Entre seda e sedução
sob olhares de desconfiança, arredios,
o artista arrastou-se no tablado de mosaicos frios,
sentiu no corpo arrepios,
a fina flor da massa
sem qualquer pretexto,
rasgou seu texto;
Ali parado sem graça,
sem as luzes da ribalta
que iluminava em outra direção,
palco escuro
platéia em falta,
em pé o solitário palhaço
perdeu o tênue brilho,
deslizou a seda sem sedução,
perdeu o norte, perdeu o trilho,
ouviu
risos ecoando em outro canto,
malfadado chorou
seu desencanto,
mas isso ninguém viu
e o show continuou.


06/12/06
ANDRADE JORGE
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