quando o amor aparece
o amor sucumbe
mas não morre
ele permanece
nas roupas de quem
desaparece
nas vidraças que acolhem
os pingos da chuva
na saúva que morde
e a pele adoece
nos trabalhos que foram escritos
no choro escondido na prece
nas noites febris, nos agitos
no sono que não adormece
nos ritos e ditos malditos
que nunca que a gente esquece
na mesa ao café da manhã
o amor de repente aparece
dizendo, “vai ver, meu patrão,
você não tem o que merece”
Rio, 11/09/2006