O veneno
É suave o veneno
Entorpece a razão
Ensandece a libido
Inebria o coração
E como é doce o veneno
E como são intensos os calafrios
Não matam, nem engordam
Mas causam constantes desvarios
Uma só gota do veneno
Pronto, está feito o estrago
Nos olhos, um brilho estranho
Na boca, um gosto amargo
Mas não era doce esse veneno?
Sim, a paixão é doce inocência
Entretanto, após amadurecê-la
Uns poucos recobram a consciência
E o pobre envenenado
Estava apenas apaixonado
Se a paixão tornou-se amor
Tão maior pode ser a dor
Se o amor criou raiz
Poderá ser muito feliz
Se só da paixão ele sorveu
De solidão o pobre morreu