Você Lembra?
Ah Flor, você lembra?...
Das manhãs outonais jovens,
que traziam seus raios amarelados,
iluminando nossos trajes esverdeados?
Do tilintar do sino,
que anunciava a oração ao divino,
o filho Jesus, Deus-menino,
que na Cruz livrou o cretino?
Do dia que ainda era menina,
e à ti levei uma flor transalpina?
Eu lembro de quando corria
tentando te pegar,
para te falar minhas delícias,
mas sempre fugia a te agarrar.
Mas vês hoje em dia?
Você não foge, és minha companhia.
E de mãos dadas passamos nós,
pelo vasto jardim, agora negro,
porque o tempo passou depressa
e tudo encardiu,
como se você ficasse sem mim,
ou eu sem você,
no solitário desprezo.
E assim andamos nós...
unidos sem fim.
E nesses respingos da chuvarada,
os toques mais sutis de tuas mãos,
tomavam os espaços vazios de minh'alma rasa.
Como as ovelhas no curral e pastor sem casa.
E nós ao relento,
éramos aclamados pelo vento,
que se rebelava,
por não saber onde te levava.
E logo aclarou-se nossa direção,
para nosso lugar, óh Ninfa, o coração.
INSPIRAÇÕES. Edinaldo Formiga. São Paulo: 17/08/10.