NAMORO NOTURNO
Adoço meu olhar
Como quem usurpa deleite e paladar.
Minhas papilas trêmulas
Teimam em pertencer ao sulco
Do intrépido abuso do ósculo notívago.
Sou do tipo lírico que arrepia
Assim pelo meio dos seios
Pelos vãos dos vasos sanguíneos
Pelos pelos em transe
Em cima da cama, em cima da pia...
Adoço minha pele suada
Como quem mergulha em jujubas.
Nossos gemidos apertados na fronha
Sucumbem ao desnorteio das normas,
Já confundimos todas as frutas
Já roemos todas as cordas.
Adoço minha língua
De uma maneira tonta e tamanha
Que já não basta ser só tua
Quero também ser da lua
Com todas as taras risonhas!