Cachoeira Rubra
Meu sangue jorra numa cachoeira rubra...
Os ventos acariciam meu rosto plácido
E o frio engilha minha pele salpicada de púrpura...
Minha imagem distorcida no vermelho das águas
Parece um vulto sombrio e aterrador
Cujos sentidos aparecem estagnados pela dor!
Meu corpo adormece entre cascalhos
E bóia sanguinolento na correnteza,
No espelho em que havia amiúde beleza
Só resta um farrapo inerte sobraçando atalhos...
Já não sou vulto nem sombra,
Já nem sei mais o que sou...
Talvez um espantalho sem cor
Levado pela torrente que aqui e ali tomba
Desenganado do mundo por falta de amor!
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