O estrangeiro
O estrangeiro
11/08/10
Você me conheceu quando eu queria ser qualquer coisa menos eu
Viu em mim algo que ninguém mais podia ver
Leu em meus olhos a necessidade de ter outra alma
De conhecer a minha alma que eu perdi ao nascer.
Você bateu em minha porta quando ela estava trancada
Para tudo que podia suscitar em mim sentimentos.
Você me encontrou quando eu já não lembrava o caminho
Apareceu como um estrangeiro roubando meus pensamentos.
Tua presença de início causou grande estranhamento e alvoroço
Confesso que estava desacostumada de acordar em outro quarto
E me deparar, inesperadamente, com um rosto estranho
Não consegui esconder o desconforto e um pequeno sobressalto.
Mas descobri contigo a alegria de poder ser realmente e somente eu
Reencontrei na segurança dos seus braços o meu lugar no mundo
Através do colorido dos seus olhos voltei a enxergar a beleza
Da vida que estava mergulhada num passado vazio, gélido e obscuro.
Soa estranho aos meus ouvidos dizer o quanto necessito
Do seu afago, seu apego, seu dengo e até mesmo suas cobranças.
Parece-me absurdo, mas deixaria minha liberdade e independência
Para viver aninhada nos seus braços, entregue feito uma criança.
Talvez não seja eterna a nossa eternidade de amar
E amanhã para ti eu não tenha mais mistérios e encantamentos
Quem sabe deixarás de perceber toda a diferença que te atraiu
E meu jeito que antes te fascinava poderá te causar estranhamento.
Sabe Deus o que poderá nos acontecer no dia de amanhã
Talvez seja eu a primeira mulher a lhe mostrar a dor do abandono,
A lhe rasgar o peito com a adaga do escárnio e do desprezo,
E lhe mostrar o quanto o mundo pode ser cruel e tristonho.
Mas que seja eu a primeira a lhe oferecer a doçura de um amor presente
Repleto de aventuras inigualáveis que marcará nossos rostos e corpos
A escrever a sua história no meu corpo enquanto ele ainda está quente
Dos calores que em mim acendes com maestria e poucos esforços.
Que seja eu a mulher a lhe devolver a pureza e beleza da alma
A trazer de volta a inocência a esses olhos tão estranhos.
Queria eu ter a cura para todas as feridas do seu espírito
E lhe fazer crer que todos os dias ruins não passaram de sonhos.
Patrícia Teixeira