POESIA URBANA
Às dezessete horas e quinze minutos,
O céu de dezembro é cinza,
E as asas brancas das garças
Anunciam; é o fim do dia!
O céu verte a noite e tudo é consumado n’um Átimo,
Não há estrelas!
Pulsam os pirilampos,
Luzes iluminam a cidade
Mas beleza, com qual tristeza,
Direi... Igual? Não, não há!
Pirilampos são de deus, adornos,
Voando nas orelhas da noite
E tal beleza não se acende n’um clique
Às dezoito horas dezessete minutos quinze segundos
O céu de janeiro esmaece e é quase azul.
Pássaro emplumado, d’alguma gaiola escapou,
E cego de desejo, bate contra o vidro da porta
Perfeita ira me percorre o animo,
Sou capaz de ver a portinhola aberta
E o céu esperando, sou capaz de cantar de tristeza!
E penso...
A liberdade é um engano requerido todos os dias...
O pássaro esmaece, e suas cores sortidas
Jazem em minhas mãos...
Às dezoito horas dezenove minutos vinte segundos
O céu de fevereiro é claro, muito claro,
Totalmente vertido em água pratas.
Na calçada, flores amarelas magérrimas despetalam o talo
A morte é logo mais; a mesma vida!
Dezesseis minutos, dezessete segundos do domingo,
Ultimo dia antes do outono
O céu de março é extático e tudo terminou
O vento não demora
Penso eu... Antes de desligar o ultimo pensamento
(o sono revigora a vontade de acordar para a vida!).
Às dezenove horas vinte minutos quatro segundos...
O céu de março é róseo ao leste,
No quadrante oeste; verte sangue,
E o sangue escorre por um arco,
Decompondo a meia lua em cores subjacentes
Há quem diga, sem espanto; olha!... Um arco Iris!
O mar ruge furioso, espalhando nuvens frias
Contra rochas cinza esverdeadas
Quero - quero repete quero – quero
E nenhuma ave é tão esquecida de ser olhada
Beatriz olha, com olhos d’alma
E n’um rodopio, chispa feliz
E seus olhos de boneca
Explodem em brilhos na sua face morena,
Sua boca em espasmos de gratidão grita:
Parou a chuva! E Quero - quero
Vamos, vamos; correr na areia!
E tamanha ternura, envolve meus dias
Em amplexos dourados pela luz do amor.
E reafirmo a contemporânea dor,
Já não sou ator, sou autor de minha vida!
Imagem:
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