Ângelus

Tudo é mais confuso quando

Falamos de nós dois juntos

E se estás ou não amando

Os gárgulas transcendentes oriundos

Do teu nefasto pensar!

Um istmo íntimo, isquemia leviana

Teu sangue em tergiversa termal

Hora como de bela cigana

Outrora como reles mortal

Que vem ludibriar...

Teu coração em gastrópode

Pode enfim aperrear-me lúcido

Sem mal sofrerdes que opte

Por torturar-me ao crepúsculo

E caminhar torna-se apócrifo

Missão astigmática

De carregar o próprio sarcófago

Em incompreendida matemática

Ângelus...

Piedade por ti, por mim

Não pelo nós, que inexiste

Expressão eterna de carmim

Face maquiada, maquiavélica e triste!

Ostento respingando amor meu coração

Não sagrado, mas sangrando

Pelos males de tua árdua intenção

De continuá-lo pisoteando...

A mágoa invade-lhe as retinas

Apertando-lhe pálpebras

Dilatando-lhe as pupilas

Corroendo-te as vísceras

Pudera eu abolir-te todo o mal!

Como já vieste-me, como o que veste-me

Feito couraça a proteger-me o peito

Eis que agora esqueces-te

Deparar-te-ei-nos a tua virtude e maior defeito

Aguça, benquista, tortura e conquista nosso amor!

Alex Fernando
Enviado por Alex Fernando em 22/09/2010
Código do texto: T2514631
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