E Um Homem Olhou…
Para o que o rodeava
Feliz por ser o que era
Mas insatisfeito
Com algo na sua realidade
Desejou que uma certa lógica dos seus sonhos
Tomasse o caminho da verosimilhança
Que as Estrelas tivessem asas de Borboletas
E que as Borboletas possuíssem o brilho das estrelas
Pensou em tal
E deu consigo a sorrir
Sim era plausível
Esta sua forma de sentir…
E assim naquela noite
Deixou tudo de lado
Desligou os meios de comunicação
Deixou as suas prováveis companhias
E pensou no que imaginara
Deixou fluir as horas
Deixou que elas mentissem
Deixou que elas se medissem em séculos
E não em segundos
Deixou-se levar pela imaginação
Onde os seus amores
Lhe eram doces
E não lhe trouxessem as habituais
Dores da solidão…
Teve então assim um diálogo
Entre as três entidades
Que eram apenas duas
Teve lugar
A noite de amor
Com a qual
Só os mais ousados e dotados poetas
Conseguem conceber
Conseguem imaginar
E de facto a noite
Durou um milénio
Foi a mais bela
Das suas diferentes e imensas vidas
Surgida e gerada
Para nunca mais acabar
Sendo que a madrugada
Que finalizava com tudo
Algures
Num tempo indefinido
Acabou por chegar…