DESESPERANÇA

Não sei em que brisa você veio

Em que veio de brilhos,metais

Em q’sais banhaste este teu rosto

De onde vem o não-desgosto

Sonhos d’Ícaro, irreais.

Sinto-o sem precisar sentidos

Enlouquecido amor-poeta?

A seta?- Amor-Platão volátil

Que toca mesmo sem o táctil

Incerta vem e o peito acerta.

Amo-te meu doce cantor!

Dor! Dorme! Não quero sentir!

Mentir a mim, enganar a tristeza

Sem você, vazia de mim mesma

Pra não chorar tento sorrir.

Não me culpes. Amar-te assim

“Fim”! digo de vezes milhões

Grilhões! Menina inocente

Ao mundo cru indiferente

Teima em crer: elos-corações.

Sem esperanças! Deus! Acalma

M’inhalma calma! É só quimera!

Fera e espinho indolor

Viver o verdadeiro amor

Q’apenas ama e nada espera.

E este amor de querer bem

É bem maior que meu querer

O que fazer, se eu te amo?

Esperneio, grito e reclamo

Pra neste vazio adormecer.

Privo-te da minha presença

Pra nesta ausência seres tu

E do meu Ego o meu ser despido

Serei eu, este ser adormecido

Que te ama, de planos, nu.

Eu te vejo! Etéreo, ao longe...

Monge sou, solidão de astros

Meus braços sós, tua voz escuto

E no meu céu sem sol, eu luto

Pra não querer mais o teu abraço

Abrigo a amante não amada

Calada, sua voz que já não diz

Fiz do sal um sol infinito

Num espaço livre, mais bonito

Quem sabe, eu serei feliz?

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 21/09/2010
Reeditado em 21/09/2010
Código do texto: T2511946