PROCURAMO-NOS

procuramo-nos um ao outro

no vazio

aquecemo-nos os pés

no leito frio

voltando sempre ao ponto de partida

e já nem somos nós

somos já outros

em mutações

constante refazer

mas apesar de tudo

afinal

volvidos tantos anos

quando o peito a doer

procura arrimo

procura

um outro peito amigo

para a lágrima silente

partilhar

em nada mais pensamos

corremos um para o outro

e damo-nos as mãos

sem reparar

Poema dedicado à minha mulher,

companheira de há 40 anos.

Orlando Caetano
Enviado por Orlando Caetano em 28/09/2006
Código do texto: T251176