PROCURAMO-NOS
procuramo-nos um ao outro
no vazio
aquecemo-nos os pés
no leito frio
voltando sempre ao ponto de partida
e já nem somos nós
somos já outros
em mutações
constante refazer
mas apesar de tudo
afinal
volvidos tantos anos
quando o peito a doer
procura arrimo
procura
um outro peito amigo
para a lágrima silente
partilhar
em nada mais pensamos
corremos um para o outro
e damo-nos as mãos
sem reparar
Poema dedicado à minha mulher,
companheira de há 40 anos.