Amando Borderlineamente
Corto-me, e me deixe para morrer,
Sacrificar uma vida rotulada de simples é fácil?
Quando já não há retorno do abismo do amanhã...
Meu coração foi desapontado novamente,
Embora eu tenha já me convencido das hipnóticas ilusões,
Apesar de dizermos adeus e pensarmos
No que há para saber e em quem pôr a culpa,
Mas para que eu seja eu mesmo completamente
eu te amarei com a pureza de minha alma tão pecadora.
Estou nessa estrada solitária, vou viajando,
Procurando por algo, o que será?
Ah, como eu me odeio, como odeio meu ódio por me odiar,
E como eu te amo tanto.
Eu te amo quando eu esqueço de mim,
Eu quero ser forte, eu quero rir muito ao teu lado,
Eu quero pertencer à vida.
Tudo que eu mais quero do nosso amor
É que ele traga o melhor de mim e você também.
Estou nessa estrada solitária, vou viajando,
Procurando pela chave que vai me libertar...
Ah, o ciúme, a ganância vai se desfiando,
Se desembaraçando, e desfaz toda a alegria que poderia existir.
Eu quero me divertir, quero brilhar como o sol.
Eu quero ser o único que você quer ver,
Quero te escrever uma carta de amor,
Quero fazer você se sentir melhor,
Quero fazer você se sentir livre.
São as ilusões das nuvens que eu me recordo
Eu realmente não conheço bem as nuvens.
Luas, junhos e rodas gigantes,
A súbita vontade de dançar que você sente,
Como se os contos de fadas se tornassem reais,
Eu olhava para o amor desse jeito.
Lágrimas, medos e o sentimento de orgulho
Para dizer? Eu te amo? Bem alto e claro.
Sonhos, planos e platéias de circos,
Eu olhava para a vida desse jeito.
Eu tenho visto todos os lados do amor agora,
Do dar e do tomar, e ainda de alguma maneira
São as ilusões do amor que eu me recordo...
Eu tenho visto os dois lados da vida:
Do ganhar e do perder, e ainda de alguma forma
São as ilusões da vida que eu me recordo,
Eu realmente não conheço bem a vida.
Eu não sou uma comissão de pedra,
Como uma estátua em um parque,
Eu sou de carne e sangue e visões...
Estou uivando na escuridão,
longas sombras azuis dos chacais
Estão caindo em um telefone público na estrada,
Estupro-me, violento-me sem remorsos éticos e morais,
cuspo em minhas feridas abstratas,
queimo-me com guimbas de cigarros metafísicos,
e caio entre milhares de vontades e impulsos de meu inconsciente descortinado.
Ontem uma criança começou a se perguntar,
Prendeu uma libélula dentro de um vidro,
Temerosa quando o céu estava cheio de trovões epilépticos,
E chorava ao cair de uma estrela.
Eu uso essa coroa que não me faz rei de nada,
Sentado no meu trono de mentiras,
Cheio de pensamentos quebrados
Que não podem ser consertados.
Debaixo das manchas angustiantes do tempo,
mas os sentimentos jamais desaparecem,
e sempre voltam renovados com outras máscaras.
Gilliard Alves