Enquanto Tu dormias meu amor, enquanto dormias…
Eu rasgava
Queimava
E ardia
As folhas da nossa vida…
Enquanto Tu dormias meu amor, enquanto dormias…
Pensava
Naquilo que não valia mais pensar
Que o lugar onde estavas
Era onde
Eu não gostaria de estar…
Embora me faltasse a coragem de partir
De efectuar o derradeiro acto Melodramático
De me ir embora de vez
Sem uma última palavra
Sem sequer um “Adeus”
Porque sabia que continuarias em mim
Enquanto o teu sonho
Fosse ainda
Teimosamente o meu
E assim
Olhava para ti
Adormecida
Olhava para nós
Na única altura
Em que ainda coexistia entre nós
Uma espécie de paz
Residente
No silêncio
No qual havia restos
Daquilo que fora
A que algum conhecido nosso chamou de “Amor”
Em tempos idos
Demasiado
Embora eu ainda amasse o teu invólucro
Mas tal
Já não me bastava
Corpos há muitos
E eu tinha saudades
Era da tua alma
Perdida para sempre
Algures em nós
Demasiado fundo em nós
Para tal podermos resgatar
Não restando mais nada
Do que uma insanável ferida
Latente
Enquanto Tu dormias meu amor, enquanto dormias…