Enquanto Tu dormias meu amor, enquanto dormias…

Eu rasgava

Queimava

E ardia

As folhas da nossa vida…

Enquanto Tu dormias meu amor, enquanto dormias…

Pensava

Naquilo que não valia mais pensar

Que o lugar onde estavas

Era onde

Eu não gostaria de estar…

Embora me faltasse a coragem de partir

De efectuar o derradeiro acto Melodramático

De me ir embora de vez

Sem uma última palavra

Sem sequer um “Adeus”

Porque sabia que continuarias em mim

Enquanto o teu sonho

Fosse ainda

Teimosamente o meu

E assim

Olhava para ti

Adormecida

Olhava para nós

Na única altura

Em que ainda coexistia entre nós

Uma espécie de paz

Residente

No silêncio

No qual havia restos

Daquilo que fora

A que algum conhecido nosso chamou de “Amor”

Em tempos idos

Demasiado

Embora eu ainda amasse o teu invólucro

Mas tal

Já não me bastava

Corpos há muitos

E eu tinha saudades

Era da tua alma

Perdida para sempre

Algures em nós

Demasiado fundo em nós

Para tal podermos resgatar

Não restando mais nada

Do que uma insanável ferida

Latente

Enquanto Tu dormias meu amor, enquanto dormias…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 19/09/2010
Código do texto: T2507951
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