Desilusão

O dia, sempre postergado, chegara.

Incrédulo, não articulava palavra sequer;

Abraçá-la, ambicionava desde outrora;

Beijá-la, sonhava continuamente.

Aproximou-se lentamente, morosamente...

Parar o tempo era sua intenção.

Tocar seu corpo, beijar seus lábios,

Envolvê-la completamente, com paixão.

Nos olhos, lágrimas incontidas,

Gota-a-gota, inundam seu coração.

Capitoso, o amor persevera, enleva...

Insiste, relembrando a primeira emoção.

Mas, matreira, ela se retira furtivamente,

Com bioco a protegê-la, e antes que possa sequer tocá-la,

Pisando seu coração, cominuindo-o sem comiseração,

Deixando a dor que, com acrimônia, macera o amor.

Desvenda as ilusões, desacredita a esfinge...

São Joaquim da Barra, 19/02/05