O tempo foi passando, e ela acabou por dizer…:

“Tenho um coração que se parte

Como o de qualquer pessoa

Cada vez que me apaixono

E essa paixão se transforma em nada

Mas os seus pedaços

Transformam-se em infinitas estrelas

Que me iluminam

Em certas e vazias madrugadas…

E sei que não é suposto

Ter tantas dores

Tantos prazeres

E uma só desilusão

Mas afinal o que é o certo

E o errado

Quando se ama

E transformamos isso

Na nossa doce cegueira

Na nossa suprema Ilusão…?

E eu sei que te amo

Mas não sei como to dizer

Sei que te amo

Como amo outras coisas

Mas a nenhuma delas

Eu me quero prender…

No lugar comum

Dito e repetido

Num milhão de palavras

Sou um pássaro

Saudável

Um pássaro ferido

Que quero imensas coisas

Quero o meu ar

Mas francamente

Desconheço

Quem quero

Realmente

Comigo…

Porque não sei

Se te quero por agora

Se no dia que virá a seguir ao amanhã

Sei que te amo

Mais do que o sei

Sei que o sinto

Embora esteja fechada

De uma forma inconsciente

Nas minhas contradições

Sei que te amo

Mas temo

O que possa vir depois

E leio nos teus olhos

Que entendes

As minhas asas de borboleta

Que lês

Como eu gosto que leiam

O vasto universo que há no meu olhar

E que ninguém fica o tempo suficiente

Para tal explorar

Mas tenho medo

Muito medo

Que depois de partir

Como parto sempre

Tu por mim

Não me vás esperar…”

E eu olhei-a, e de facto vi-a

Não lhe podendo prometer nada

Não lhe jurando nada

E com um toque na sua mão cristalina

Disse

Que estaria sempre algures

Onde ela me pudesse encontrar

Mas tinha chegado a minha hora de partir

Porque aos seus imensos afectos itinerantes

Eu queria chegar

Quis sempre

Mas tinha-me por fim cansado

Com a sua forma volúvel

Mas demasiado permanente

De Estar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 19/09/2010
Código do texto: T2507501
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