RITUAIS DA ENTREGA
Sarandeias nua na memória.
vírgula interlocutória
remexendo nos meus pecados
se entremeia, se enleia
serpente
arrastando-se entre
desejos e travesseiros.
Sal nos olhos estatelados
de lembranças:
roupas em desalinho
ressonam no tapete.
É um coito interrompido
a vontade de morrer.
Ao alcance da mão
encharcada de orgasmos
a luva de estrelas sacia neurônios.
Canto do chuveiro sobre os corpos
bocas desenham o fio de falus.
O espiritual é o grande nada.
Rituais profanos cuidam de tudo.
O instante tinge a beleza da entrega.
O espelho no teto tatua
silhuetas
em afoitas retinas.
– Do livro BULA DE REMÉDIO. Porto Alegre, Caravela, 2011, p. 48.
Revisados o título e vários versos.
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/2505240