Gotas de orvalho
Paira o rocio sobre a cidade
E vê-se
Do quarto em silêncio
A penumbra do lento amanhecer.
Envergonhado clareia o dia
Prolongando
Da alvorada
A agonia
E finas gotas de orvalho
Deslizam
Dolentes
Na vidraça embaciada.
Assim vi eu
Esta noite
As tuas lágrimas
Salgadas como as pude sorver
Que não corriam como um lamento
Nem como qualquer sofrimento.
Dos teus olhos fluíam
Por incontida alegria
Que afinal não conseguiste reter.
Nesse momento o amor conseguia
Entre os beijos mil
E os abraços nus em que surgia
De nós fazer um só ser.
Nesse instante
Me afirmei no teu peito amante
E desse sentimento
Como de tantos outros
Errantes
Transcendeu a noite
Sublime
Em frenesi feliz
Por esta paixão delirante.