Gotas de orvalho

Paira o rocio sobre a cidade

E vê-se

Do quarto em silêncio

A penumbra do lento amanhecer.

Envergonhado clareia o dia

Prolongando

Da alvorada

A agonia

E finas gotas de orvalho

Deslizam

Dolentes

Na vidraça embaciada.

Assim vi eu

Esta noite

As tuas lágrimas

Salgadas como as pude sorver

Que não corriam como um lamento

Nem como qualquer sofrimento.

Dos teus olhos fluíam

Por incontida alegria

Que afinal não conseguiste reter.

Nesse momento o amor conseguia

Entre os beijos mil

E os abraços nus em que surgia

De nós fazer um só ser.

Nesse instante

Me afirmei no teu peito amante

E desse sentimento

Como de tantos outros

Errantes

Transcendeu a noite

Sublime

Em frenesi feliz

Por esta paixão delirante.

Jacinto Estrela
Enviado por Jacinto Estrela em 17/09/2010
Código do texto: T2504011
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