Quisera ter entrado na vida dele,
tal qual cachoeira de adrenalina.
Lavar sua alma,
deixá-la em branco para eu pintar.
No entanto,
fui inclusa no vernissage,
cerceada dos seus abraços,
sem o substrato de sua saliva.
Eu queria ser mar e não paisagem!
Ah! Quisera ser o norte dele,
e não mais uma aventura,
ocasional devido a perda da rota.
Por causa do marchand,
virei um símbolo de conquista,
atrás de uma coluna empoeirada,
ofuscada por outros quadros.
Eu queria mesmo era ser um rio!
Sendo água em beijos o molharia,
mesmo sendo por um único dia.
Sinto ciúmes quando eu percebo
uma aspirante a artista,
que vê no retrato dele também,
os traços nítidos de Dorian Gray,
como se ele estivesse no chuveiro.
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