EUFEMISMO
Longe
No tempo
Era a inocência
Marcando o começo
Segredando a pureza
Da lascívia fecunda.
Era o murmúrio
Emergente ao silêncio
Soltando a voz presa
De um arauto do amor.
Eram torrentes de ternura
Cascatas de paixão
Correndo sem freios
Em ousada
E cúmplice
Emoção.
Olhar fugidio
E
Sabor dividido
Ao toque dos lábios.
Beijo
Língua
Suspiro inflamando
Em abraços ocultos
E
No fim
Tesão e fusão de dois vultos.
Tu e eu
E nada mais te direi.
Não quero que nasçam obscenos
Os versos que ontem semeei.
Mas como dizer
Do desejo
Da vontade
De um sonho imenso
Que fará
De ti
A minha verdade?
Hoje quero ser o que sou
Longe do que devo ser.
Molhar-me em ti
E no doce veneno teu.
Quero essa seiva que me faz viver
Quando se junta
Por fim
Ao doce veneno meu.
Então irei arrastar-te
Comigo e no meu querer
Ao orgasmo eterno
Que será não mais te perder.