EUFEMISMO

Longe

No tempo

Era a inocência

Marcando o começo

Segredando a pureza

Da lascívia fecunda.

Era o murmúrio

Emergente ao silêncio

Soltando a voz presa

De um arauto do amor.

Eram torrentes de ternura

Cascatas de paixão

Correndo sem freios

Em ousada

E cúmplice

Emoção.

Olhar fugidio

E

Sabor dividido

Ao toque dos lábios.

Beijo

Língua

Suspiro inflamando

Em abraços ocultos

E

No fim

Tesão e fusão de dois vultos.

Tu e eu

E nada mais te direi.

Não quero que nasçam obscenos

Os versos que ontem semeei.

Mas como dizer

Do desejo

Da vontade

De um sonho imenso

Que fará

De ti

A minha verdade?

Hoje quero ser o que sou

Longe do que devo ser.

Molhar-me em ti

E no doce veneno teu.

Quero essa seiva que me faz viver

Quando se junta

Por fim

Ao doce veneno meu.

Então irei arrastar-te

Comigo e no meu querer

Ao orgasmo eterno

Que será não mais te perder.

Jacinto Estrela
Enviado por Jacinto Estrela em 15/09/2010
Reeditado em 29/11/2010
Código do texto: T2499187
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