TEMOR
Meu temor era acordar
Sem te saber ao meu lado
E que no meu novo andar
Fossem a solo os meus passos.
Temia que nunca estivesses
Ao procurar-te
No escuro
E no silêncio do quarto
A ti
Em vão
Estendesse os meus braços.
Temia que o sonho de te encontrar
Com grande e crescente ansiedade
Nunca deixasse de o ser
E por aí se perdesse
Em mil noites de vigília
Para além do sonho
Bem para lá da saudade.
Meu temor
Então
Se confundia
Com a certeza que de ti fluía
No teu beijo
Terno e adormecido.
Nesse beijo
Madrugador
Extinguiam-se os medos
E despontava a esperança
De mais um sonho que fugia
De mais um amanhecido dia
No real aconchego do teu amor.