Espécie
Espécie
Vim dizer-te que a quero em beijos
no acalanto de uma dor saudável
me arvorar em tua fenda
acostumar-me em tua pruma
Daqui se vai um raio douto
De curva sóbria e depravada
Veneziano e truculento
De amar é sangue que arde em ouro
Fazei de conta e de partida
Que em tu não podes ser desmedida
Fazei de mim o teu status
Pobre, porém, de alma limpa
Acorda a tua embarcação
Me leva em ondas turvas, descompassadas
Da tua lisa pele se esconde
O meu tesouro que há muito sabes
Vou revoltar-me contra-partida
Desmascarar-me ventre e bolso
Impulso sente ave seguida
De eterno espasmo e flor sem dono
Casa gripada respira o polém
Da primavera que trás seus anos
Atormentados estamos nós
Desde de que aqui pousou teus planos.