UM DIA SEM SOL
Desenhei
Nos meus versos
Um sorriso imaterial.
É teu.
É real
Mas matéria impalpável
Que o meu sonho sublima
E a minha voz reclama
Em madrugador madrigal.
Desenhei
Nos meus versos
Esta busca incessante
Do teu corpo na manhã
Quando o Sol
Penetrante
Invade o quarto
E fala
de uma tal
fantasia vã.
O que sabe ele
Afinal
Destas coisas do amor
Se se conforta na dor
De amar uma Lua nocturna
E se consola
Ignorante
Com a sua serenata diurna?
Eu senti
No desenho destes versos
A nudez perfeita
De amantes se amando
Diamantes brilhando
Ao esplendor da Lua.
Tua nudez senti-a
Também
De dia
Na tal vã fantasia
Sob o Sol e seu fulgor.
Não serei eu
Mais um Sol solitário
Nem serás tu
Reclusa em meu imaginário
Assim possa desenhar a minha mão
Tocando o teu corpo distante
Ou esboçar tua boca anelante
Por cada beijo que guardo
Neste sonho prenhe de emoção.