UM DIA SEM SOL

Desenhei

Nos meus versos

Um sorriso imaterial.

É teu.

É real

Mas matéria impalpável

Que o meu sonho sublima

E a minha voz reclama

Em madrugador madrigal.

Desenhei

Nos meus versos

Esta busca incessante

Do teu corpo na manhã

Quando o Sol

Penetrante

Invade o quarto

E fala

de uma tal

fantasia vã.

O que sabe ele

Afinal

Destas coisas do amor

Se se conforta na dor

De amar uma Lua nocturna

E se consola

Ignorante

Com a sua serenata diurna?

Eu senti

No desenho destes versos

A nudez perfeita

De amantes se amando

Diamantes brilhando

Ao esplendor da Lua.

Tua nudez senti-a

Também

De dia

Na tal vã fantasia

Sob o Sol e seu fulgor.

Não serei eu

Mais um Sol solitário

Nem serás tu

Reclusa em meu imaginário

Assim possa desenhar a minha mão

Tocando o teu corpo distante

Ou esboçar tua boca anelante

Por cada beijo que guardo

Neste sonho prenhe de emoção.

Jacinto Estrela
Enviado por Jacinto Estrela em 14/09/2010
Código do texto: T2496856
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