Amor Fátuo

Como pluma trazida por suave brisa,

Em minha direção, hesitante, flutuas.

Tênue pena, que poética tela alisa,

Deslizando, matizas as minhas ruas.

Trêmulo, imprudente, ouso te tocar.

E, então, como que por suave encanto,

Desvaneces como lume a se dissipar,

Deixando em cor plúmbea o acalanto.

Partes, deixando o aroma de sua presença,

De sonho irrealizável e de doçura fictícia,

Paixão fátua, dionisíaca, de fugaz vivência,

Que os ébrios de amor acreditam vitalícia.

Embuçada, tu te escondes detrás dos astros,

Donde, entre estrelas mil, passo a te procurar.

Insanamente, com o coração aflito, incendido,

Buscando, de longe em longe, sem te encontrar.

São Joaquim da Barra, 17/09/2004