Eu e a Juventude
Era o vento este viajor da existência,
e sobrepôs-se a ele a poesia,
eu era os sonhos que a alma deve ter,
e olhos cegos a tudo que se deva ver,
repintava as bordas dos dias com alegria,
e fiz extinta a realidade na juventude sonhadora.
Eu sentia o perfume na tez dos dias,
e não via o oculto volúvel da minha face,
era no espelho das eras somente sorriso,
e ao largo renunciava a verdade do tempo...
Em carruagens douradas sonhei caminhos,
em absinto mergulhei imagináveis glórias,
adormeci vendo os brilhos da minha história,
e vivi como aves de arribação, longe dos ninhos!
Não vaga tardio sobre o mar o sol,
pois sabe que outra luz a noite traz,
não é mesclado aos sonhos a verdade,
se há traços que a alegria esconde,
aceitar-se-á a vida, quando e onde,
se fizer visível toda a dura realidade!