AMOR DE CRISTAL

De onde te conheço, menina?

Daqui, sob este sol doido dos ateus, não.

Talvez de outros planetas, outras esferas,

De espiraladas galáxias convexas em erupção...

Quero mais, muito mesmo, entender

De tuas realidades, de tuas quimeras,

Dos desejos de ordem que em tua alma ardem,

De tuas brincadeiras, tuas coisas sérias...

Orbitarei as terras prometidas de teus beijos.

Às margens rasas, regarei as tuas bromélias

Ondearei tuas fartas ancas amigas

Nas naus de ternura antiga, rediviva, que encerras

Cercada por carinhos verdes, de águas etéreas...

Um sonho bom de ilusão, lançarei ao teu mar:

“Areias brancas de Ilha Bela. Avanço pela restinga

Para encontrar teu rosto claro

Na choupana tropical d’um pé-de-serra

Onde tu, nupcial, sossega em meu abraço.

Nos limites do querer, tudo o que posso...

Em teu corpo, o suspense do segundo...

Na reza de fé, alegria do passo a passo

E o perder-nos no confim vasto do nosso próprio mundo”