Tela
Ofereci-te o amanhecer
Depois do amor
Noite dentro.
Na paisagem matinal
Pela neblina esbatida
Entre o brilho das folhas
Vi as pétalas molhadas
Da tua flor preferida.
E não faltava o chilrear cintilante
Do rouxinol de sempre à janela.
E não faltavas tu nesse instante
Pois ‘tavas viva na tela.
Ao alvorecer do dia
Ainda que não estivesses lá
Senti no lençol
Desalinhado
O cheiro sublime
Da noite a dois impregnado.
Soube
Então
Que não sonhara
E que na certa virias
Depois
Com direito reclamar
Essa tela que pintámos
Com as cores do amor
Nós dois.