LIMITE

As asas da vida aqui se desfazem
E as mais puras regressam.
Debaixo da minha escrita
Existe sangue no lugar de tinta,
Enquanto a palavra levanta seu voo cego
Que, por muito amor, fere na dor da solidão.
Construo meu rosto sobre a poeira erguida,
Sinto o sabor das lágrimas,
Tudo em minha boca é prece.
A arte da perda não é fácil dominar,
Tenho vergonha de ter vivido o que não sei,
Nem vou te buscar, pois não consigo te esquecer.
O bom é que a verdade sempre chega
Como sentido secreto das coisas,
Esta linha de mistério, que é a respiração do mundo,
É aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
E mais nada lembra o voo, nada mesmo,
Equidistante do que caiu como do que voltou.

Adriana Leal



Revisado por Marcia Mattoso