AMOR CORSÁRIO
Chama forjada em lágrimas,
Serpenteada, encimada à costa do rio...
Sorrio descarnado, contradito
Respiro. Grito. Mágoas em suspensão...
Faíscas chamas aguadas de meu pavio
Chamuscam-me as palmas magras das mãos
Ancorei tão longe esta maldita nau pirata
Distante tanto quanto pude deixar errante
O desplante corsário de minh’alma alucinada
Eminência parda esta, desafiante, equivocada...
Anseia raptar-me a razão de ser-te relutante...
Este rio de sofreguidão desaguou
Ao deserto salgado de um mar em estio
Que a negra sombra de teus olhos
Usou de remanso nas margens de teus cílios
O balbuciar de teus lábios vermelhos,
No fundo, procura só um lugar,
Um farol aceso no oceano, ao meio
Que pinte de luz em mensagens ao mar
O menear de teus pensamentos relhos
Teu coração lança-os dos róseos dos seios,
Lhes expulsa aos veios de ar...
A correnteza correndo para cá, os traz
Mas sou eu, lacrimoso, quem morre ao te buscar,
Ao embalar-te os anseios em meus ouvidos serenos