Profanação

Nunca me deste nada

fagulha de esperança entrelaçada

amordaçada entre os cacos cintilantes d'alma

deste-me o beijo pálido e sem feitiço

dos tempos sem claridade e mortos

a andar vagos pela sala escura e úmida...

deste-me o selo eterno da discórdia

aquela paixão que apagou-se com o menor arfar

o corpo cálido e demasiadamente cansado

atroz tão pouco fui e, retaliada pelo destino, não pude ver

que tanto fizeste frio, e calado, quando

entregaste-me apenas a lança da morte.

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 08/09/2010
Código do texto: T2485890
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