CRIME E CASTIGO

CRIME E CASTIGO

Luzes cintilantes pairam minha áurea,

Cósmica e exorbitante,

O brilho infinito da mutação do gene espiritual,

Recôncavos, cerrados, veredas,

Um riacho límpido banha minha esfera,

Desnudam-me do remorso de uma era,

De noites mal dormidas, entorpecidas pelo arrependimento,

Carrasco de mim mesmo,

Pus à guilhotina meu pescoço,

Fiz da vida, a morte em esboço,

Vi teu rosto,

Briguei, lutei, venci, mas não ganhei o prêmio,

Bravatas tolas e desconexas nortearam nossos dias,

Tentei ceifar para mim, o que meu suor não escorreu para plantar,

Ousei dar o amor a quem não tinha o direito de amar,

Deitei-me em uma cama que não era a minha,

Lágrimas fiz jorrar em olhos que não eram os meus,

Mas também as bebi, e cuspi,

Tamanho o fel, da dor que impus,

Banhei-me da mais severa dor,

Do tabuleiro do meu xadrez, tu foste a rainha,

Sem torres, sem bispos, ou cavalos,

Fui o peão,

Limitado à um único movimento,

Nunca a tive a contento,

Entrego os pontos,

Estou em xeque,

Conseqüência primeira e a dor derradeira,

Roubei-te...Devolvo-te,

Estou pronto para isso,

As punhaladas do destino tornaram meu campo em brilho,

Obrigado pelo amor que tivera para comigo,

Cometi um crime, pago o castigo.

Sérgio Ildefonso Maio/2003

Sérgio Ildefonso
Enviado por Sérgio Ildefonso em 07/09/2010
Código do texto: T2484759
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.