CRIME E CASTIGO
CRIME E CASTIGO
Luzes cintilantes pairam minha áurea,
Cósmica e exorbitante,
O brilho infinito da mutação do gene espiritual,
Recôncavos, cerrados, veredas,
Um riacho límpido banha minha esfera,
Desnudam-me do remorso de uma era,
De noites mal dormidas, entorpecidas pelo arrependimento,
Carrasco de mim mesmo,
Pus à guilhotina meu pescoço,
Fiz da vida, a morte em esboço,
Vi teu rosto,
Briguei, lutei, venci, mas não ganhei o prêmio,
Bravatas tolas e desconexas nortearam nossos dias,
Tentei ceifar para mim, o que meu suor não escorreu para plantar,
Ousei dar o amor a quem não tinha o direito de amar,
Deitei-me em uma cama que não era a minha,
Lágrimas fiz jorrar em olhos que não eram os meus,
Mas também as bebi, e cuspi,
Tamanho o fel, da dor que impus,
Banhei-me da mais severa dor,
Do tabuleiro do meu xadrez, tu foste a rainha,
Sem torres, sem bispos, ou cavalos,
Fui o peão,
Limitado à um único movimento,
Nunca a tive a contento,
Entrego os pontos,
Estou em xeque,
Conseqüência primeira e a dor derradeira,
Roubei-te...Devolvo-te,
Estou pronto para isso,
As punhaladas do destino tornaram meu campo em brilho,
Obrigado pelo amor que tivera para comigo,
Cometi um crime, pago o castigo.
Sérgio Ildefonso Maio/2003