CAÇA
Teus uivos ecoam nus, noite adentro,
Meio a floresta de meus pensamentos,
Derrubando verdes, ceifando ventos,
Despertando o silêncio de meu ventre...
Teus olhos caçam velozmente a presa,
Num brilho fugaz ferem minha certeza,
Entre os fios d’ouros dessa lua acesa,
Banqueteiam-se em minha cama e mesa...
Teus instintos tão indóceis, selvagens,
Burlam o espelho da minha coragem
E, em mágica, reverte a pura imagem,
Roubam-me sentimentos e bagagens...
- O que fazer desse teu poder alheio
à minha vontade, se enfeitiçada, creio?
Telma Moreira