Amor de Carnaval

Amor de Carnaval

A orquestra tocava a marcha do momento,

Os foliões, em grupos, ostentavam alegria,

As serpentinas pautavam o estabelecimento,

O confete, como garoa sarapintada, descia.

As voltas alucinantes dos carnavalescos brincalhões,

O som estrídulo do trompete, a surda batida do tambor,

Um turbilhão orquestrado de sons, cores e emoções,

Tudo se misturava num colorido coquetel embriagador.

Ela, alegremente, cantarolava a música conhecida,

E, a cada volta, lançava-lhe doces olhares lânguidos.

Com o amor rompendo o coração como ditosa ferida,

Impulsionando seus passos, em sua direção, forçava.

Ele, tímido e reticente, aproximar-se, não ousava,

Flechado por Eros, seu coração, surdamente, percutia,

Mas a coragem para se achegar ainda lhe faltava,

E aos seus olhares, relutante, pouco a pouco, se rendia.

Repentinamente, suas mãos se tocaram, e de relance.

Foi o golpe final que capitulou sua rendição inconteste.

Abraçou-a carinhosamente, e com enlevo conduziu-a

A dançar, pelo resto da vida, o baile que se iniciava neste.

São Joaquim da Barra, 13/10/2004