O AVESSO DA PEDRA BRUTA




Brota nua e sem limite
Esta pedra, que é tudo em mim
Artefato do acato, da flor e do marfim.

Sei caminhar
E além do cansaço, o contentamento.

Âncora
Na areia – incêndio do caos e tédio
No quarto andar do prédio.

Bebes-me
E sacia a tua sede
A foto, o aeroporto
O cobertor, o poema feito gente
O gás liquefeito de chamas lúcidas
Que a minha sala de palavra exata
E mundo novo se acende.

Devoras-me
Começando pela minha
Vidraça possível.

Depois devoras
Esse aço refletido
No meu avesso
Que o amor é o olho
A alegria da minha sintaxe
O cheiro do casaco
Que incendeia o impossível

ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 01/09/2010
Reeditado em 24/01/2012
Código do texto: T2471781
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