SOL E ÁGUA







Os teus olhos
Vêem-me – e eu
Os vejo.

O teu corpo me pede água.
E sobre mim, faz-se oceano
Uma vasta piscina
Âmbar, hélice que me adeja
Que me alimenta
Lâmpada explosiva
Que me deseja.


O teu veneno é poema
E me é riste na sala escura.

O teu fogo
É resina translúcida
Silábico fósforo
Que em meu azulejo flutua.

O todo teu
É tudo em mim.
Parede forte, as persianas
Papel modulando a tarde
A respiração, o sol que arde.

E tem hora
Que não sei o que dizer
Somente sei; que o ar do teu sol
É a amplitude, o cimento
A água além da tua rua.
E também sei;
Que sou varanda, pássaro na árvore
Arrematando a bainha da tua pele nua

ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 01/09/2010
Reeditado em 24/01/2012
Código do texto: T2471768
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