Debaixo das Cinzas...
"Debaixo das Cinzas"
Pensei que a chama da paixão se extinguira,
Não tinha mais a sensação dos desejos...
Meus lábios já não sentiam a falta dos beijos,
Meus braços já não tinham vontade de abraçar.
Meu corpo estava inerte para o amor,
Não sentia, ou não se lembrava mais de mãos
E lábios o tocando com suavidade,
E ao mesmo tempo,com sofreguidão...
Não sentia, ou não sabia mais o prazer
De tocar e ser tocada...
De ser olhada e desejada,
De ser abraçada e entregar-me a esse abraço,
Com paixão incontrolável.
Pensei já estar morta para o amor,
Por viver completamente só,
Sem esse carinho
Durante tantos anos...
Até os versos que exaltavam o amor e a paixão,
Meus olhos evitavam ler...
Para mim eram vazios, inúteis, pois
Meu corpo, meus sentidos, estavam mortos!
E eles me faziam sofrer !!!
Aí, aparece você!
Um desconhecido que olhando para mim,
De forma diferente, chamou-me pelo nome,
Como se já me conhecesse do passado.
Falava comigo como se não me visse
há muito tempo,
Mas como se já me conhecesse...
Pediu-me para virar-me devagar
E de forma "atrevida", mas natural,
Na presença de outras pessoas,
Percorreu meu corpo suavemente,
Com os olhos e com suas mãos,
Fortes, pesquisadoras, decididas e sôfregas.
Fiquei assustada a princípio,
Pois nem sabia quem ele era.
Sua aparência de um homem já sofrido,
Experiente, sabendo o que quer.
Suas roupas bem surradas,
Até com alguns rasgões,
Demonstravam que não possuía bens materiais.
Mas, isso não me importava!
E sim,
Sua cor morena, seu sorriso franco,
Seu olhar penetrante que me hipnotizava.
De repente, sem cerimônias,
E deliberadamente,
Seus braços envolveram meu corpo,
No início, suavemente
E depois bem apertadinho,
Como se nós fôssemos apenas um.
Senti o calor de seu corpo aquecendo o meu,
Nesse abraço,
Senti-me sua prisioneira...
Mas, numa prisão da qual não queria
Jamais me libertar !
Foi aí que senti que não estava morta!
Meu corpo voltou a arder,
No fogo de uma paixão
Que jamais pensei pudesse sentir de novo!
Então,descobri que por debaixo das cinzas,
Sempre se pode encontrar uma brasa acesa,
Basta soprar...
E eu que nem sabia o nome daquele
Que com carinho me fez ressuscitar,
Revivendo meus sentidos,
Alegrando meu coração
E despertando-me o desejo de amar!
Então, acordei...
Era tudo um sonho.
Mas,um sonho de efeitos reais,
Pois mesmo acordada,
A chama antes extinta,
Permanece agora viva em mim.
Quero dormir...
Quero sonhar...
Para ele poder
aos meus braços voltar.
*****
Femme Amoureuse
(Cássia Rodrigues)
Tocantins-MG
22/05/2009