Raiz antiga
Edson Gonçalves Ferreira
I
Com música que vem do longe do coração, danço
Na cozinha da casa antiga,
Sozinho, onde nasci, à meia-noite,
Brotada das paredes onde passeiam nos retratos,
Fantasmas queridos na ternura do amor ao lar.
II
Meu pai floreia ao piston
E a orquestra de violinos dos tios e tias faz solo,
O velho Bigode, meu avô, que não conheci, bandoliza
Maria Valério, verônica, minha prima, melancoliza
Mil caminhadas para a Cruz.
III
Eu danço,
Tu és o meu par ausente que choro,
Sem a imprudência de Salomé,
Pedindo não a tua cabeça, mas todo o teu ser,
Com o ser embalado por vivos e mortos,
Realidades que se cruzam,
Dimensões que não separo.
IV
E sorrindo,
A vida tem muitas canções,
Abraço amores vivos e passados na tua ausência,
Que carinho não conhece traições,
Só que de ti ardiria um fogo melhor
Nas horas que não dispenso,
Quando a minha carne queima
E dos outros chega a força para continuar
Raiz antiga sou.
Caricatura de Edson Gonçalves Ferreira
feita por Ziraldo
Do livro “Beija-me em paz”, publicado em 1987 (direitos reservados ao autor)
Edson Gonçalves Ferreira
I
Com música que vem do longe do coração, danço
Na cozinha da casa antiga,
Sozinho, onde nasci, à meia-noite,
Brotada das paredes onde passeiam nos retratos,
Fantasmas queridos na ternura do amor ao lar.
II
Meu pai floreia ao piston
E a orquestra de violinos dos tios e tias faz solo,
O velho Bigode, meu avô, que não conheci, bandoliza
Maria Valério, verônica, minha prima, melancoliza
Mil caminhadas para a Cruz.
III
Eu danço,
Tu és o meu par ausente que choro,
Sem a imprudência de Salomé,
Pedindo não a tua cabeça, mas todo o teu ser,
Com o ser embalado por vivos e mortos,
Realidades que se cruzam,
Dimensões que não separo.
IV
E sorrindo,
A vida tem muitas canções,
Abraço amores vivos e passados na tua ausência,
Que carinho não conhece traições,
Só que de ti ardiria um fogo melhor
Nas horas que não dispenso,
Quando a minha carne queima
E dos outros chega a força para continuar
Raiz antiga sou.
Caricatura de Edson Gonçalves Ferreira
feita por Ziraldo
Do livro “Beija-me em paz”, publicado em 1987 (direitos reservados ao autor)