É Estranho
Ontem eu abri a gaveta
E não encontrei uma foto sua,
Me lembrei de todas as noites
Em que eu nunca te vi nua,
As noites que nunca nos amamos,
As que não andamos juntos pelas ruas.
Lembrei de tudo que não aconteceu,
De tudo meu que não é seu.
Lembrei do beijo que você não me deu.
Ontem eu me lembrei daquele filme,
Daquele que a gente não assistiu
No mesmo dia que de conchinha gente não dormiu.
Lembrei daquela tarde que a gente não passeou de mão dada,
Que a gente não foi à praia, nem correu na areia,
Que a gente não ficou até tarde sentado na calçada.
Lembrei até do dia em que a gente não foi
Pra de baixo da árvore descansar e tocar violão,
Lembrei do dia em que não lhe escrevi uma canção.
Uma canção de amor, com palavras bonitas.
E você? Se lembrou do quanto não me amou nessa vida?
É tão estranho me lembrar de tudo isso que não aconteceu.
É tão estranho me lembrar do futuro seu, meu, nosso.
É tão estranho imaginar se eu posso.
É estranho o arrepio na pele quanto te vejo,
É tão gostoso imaginar o teu beijo.
Se imagino, anseio.
É estranho tudo isso que me veio.
É estranho tão de repente te querer.
Estranho sou eu quando penso em você.
Walter Vieira da Rocha
30 de agosto de 2010, às 10h10.