DESCONHECIDOS
Por que não sabes meu nome
se caminho ao teu lado todos os dias?
Por que não pedes o livro
que teimosamente trago à mão?
Não queres entender o futuro,
o que nos espera além da esquina?
Não tens palavras para mim
ou para os seus mais queridos inimigos?
Não sei quantas vezes terei de morrer
diante de ti.
Não sei quantos versos terei de compor
para te iludir
e te trazer de volta pra casa,
sob o calor de minha asa,
eu, que nem bem sei voar.
Até quando insistiremos em não nos encontrar,
em não querermos nos desvendar?
Quem és tu e quem sou eu
nos caminhos enfumaçados dessa cidade?
Teu corpo dói de cansaço e medo.
Olho no relógio: é sempre cedo!
Mas em algum lugar do espírito,
deitado está o desejo
de te compreender.