Espera
Pela janela entreaberta, seu olhar vigia.
Perscruta o horizonte, veredas mil,
Palcos por onde dantes, alegremente,
Desfilara a felicidade, o amor juvenil.
Aflito, o coração não acerta o passo;
E, angustiado, pulsa, descomedido.
As mãos trêmulas, buscando conforto,
Roçam-se tensamente num furor incontido.
O suave perfume de flores olentes, somente,
Pela aragem vespertina, dirigido, guiado,
Abraça-a com ternura, delicada e suavemente,
Envolvendo seu escultural corpo dourado.
Aguça o olhar, busca minuciosamente.
Estática, a paisagem imutável permanece,
Só a lágrima quente é que, obstinadamente,
Teima em brotar e no jovem rosto, fenece.
Desiludida, fecha a janela, cerra a paisagem.
A luminosidade fulva, aos poucos desaparece.
Tristemente, recolhe-se como fugaz visagem.
Só o soturno cinzento, funesto, permanece