Esse sentimento chamado AMOR
Já é tarde da noite e o dia vem chegando...
A chuva cai solitária, gotas que solitárias caem e se encontram no chão,
para prosseguirem, juntas, uma longa caminhada.
A água passa, limpando, penetrando, acalmando tudo em seu caminho.
A lua, que outrora brilhou e presenciou tantos prantos e tantos cantos,
se escondeu na escuridão que ela clareia, na imensidão que ela ilumina.
O sol, que tão cedo levanta, me deixa atenta,
abrindo com sua luz a cortina de um novo ato.
Presencio este grandioso fato,
certa de que ele me trará no brilho de seu fogo,
o gosto, o sabor de um amanhecer.
E com ele, o florescer é crer...
é ter em si a certeza
de que o mundo foi feito para amar!
O amor se esconde na ponte, na flor e na dor.
São gestos, olhares, certezas que a aparência não vê.
É folha caindo, seca, na calçada de cimento cru...
É semente que brota em flor pedindo um pouco de calor!
O amor é paz, é um caminho sem destino,
que nos leva à procura incerta,
que não mostra a passagem certa.
O amor se procura na procura, onde nunca se procura:
no vôo de um pássaro azul...
nos sons, que só os cegos ouvem...
na paz, que só os mortos sentem...
na fé, que só Deus nos dá...
em uma criança, com toda a sua infância...
na saudade, com toda a sua extensão...
na solidão, com todo o seu tormento...
no sofrimento, com toda a sua desilusão...
no coração, com toda a sua paixão!
O amor... é seguir em frente!
É ter sempre em mente
que não é só com a gente
que o coração mente!
É seguir contente,
de ter pela frente um sorriso franco...
É ver, na escuridão, um vagalume vindo...
É crer que, na imensidão, há um ser à procura de voce!
Salvador, 1982.