LÁGRIMAS FRUTÍFERAS
Da saliva em sal,
Desfigurada por uma água deslizante
Que se projeta na garganta
Sinto meus olhos palpitarem para receber e derramar a solidão.
De repente, rasga-se o véu das pálpebras e,
Por uma ausência de controle
Colho em minhas mãos as primeiras lágrimas
Resultantes das lembranças,
Sobretudo da ausência existente em dois seres na fase da incompletude.
Desmorono-me em soluços ofegantes,
E quase chego ao instante de desfalecimento.
Dilacerado,
Ergo-me do prato,
Seguro as lágrimas em minhas mãos,
Que se parecem infindas.
Sinto-as escorrem entre meus dedos que representam meu ser e,
Por um instante de sublimidade vejo
Em cada gota que cai
O levantar de um novo futuro,
De uma vida que sorveu o estado putrefato
E que encontrou raízes emotivas para frutificar
E não deixar-se esmaecer pela solidão que a angustiou.
Agora de saliva pura e olhos brilhantes
Ouço gotas de lágrimas
Num coração que guarda frutos de amor.
Rubens Martins - GYN-GO., 25/08/2010