Faltas e fugas

Que sábio há que artista o seja?

No céu o meu mar é mais enxuto

que a morte que fabrica o luto,

que a vida de onde nada se leva.

Se trevas há, que luz pode morar-me

se sou assim ou assado,

um anjo embriagado, torto e sem fim?

Mora dentro do meu anjo um anjo alheio,

nem tão bonito nem tão feio,

um anjo assim...,

cheio de pecados e de permeios,

corredor e carente de freios,

alguém inda que julgado inocente se condene.

Acolhe o mundo os meus olhos, me visto do ar do vento

quando algum diabo me quer sedento

e assim eu fujo, vou-me embora,

choro de alegria e de tristeza eu choro,

chamo “mamãe”, adormeço e sonho sem ser um órfão

e é só assim que me viro homem e meu anjo adora...