Poema do amor alcoólico

Eu era forte.

Apontei o dedo em riste e esbravejei

mas,

alguns segundos depois,

despejava todo o liquido incolor

num copo

escrito 'el diablo'

em letras de fôrma.

Eu era fraca.

Doce e amargo,

esquentava o corpo com

meu mais velho amigo.

Seu único defeito era que

ao acordar no dia seguinte,

me encontrava abraçada ao seu

corpo vazio.

Tinham vezes que eu não o queria em mim.

Lutava contra meu corpo

e o via sair

escorrendo pela pia branca,

se arrastando e fugindo pelo ralo.

Arrancava uma lágrima minha

ou duas.

Mas eram poucas as vezes.

No geral,

davamos as mãos

eu e meu affair russo

e girávamos

misturando as cores e

os móveis do quarto.

Eu não gostava muito,

eram nessas ocasiões que ele

me puxava

para o chão.

E eu sussurrava pra ele

eu

sussurrava e cantava

e dividíamos alguns cigarros

mas ele não era um

grande dançarino.

Todos diziam 'ele vai te

consumir'

e eu consumiria a alma dele e

seria eterno assim.

E antes que seu gosto não

toque mais

os perímetros da minha lingua,

eu ia fazer um brinde.

Deborah Von Peters
Enviado por Deborah Von Peters em 25/08/2010
Reeditado em 25/08/2010
Código do texto: T2458310
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