Poema do amor alcoólico
Eu era forte.
Apontei o dedo em riste e esbravejei
mas,
alguns segundos depois,
despejava todo o liquido incolor
num copo
escrito 'el diablo'
em letras de fôrma.
Eu era fraca.
Doce e amargo,
esquentava o corpo com
meu mais velho amigo.
Seu único defeito era que
ao acordar no dia seguinte,
me encontrava abraçada ao seu
corpo vazio.
Tinham vezes que eu não o queria em mim.
Lutava contra meu corpo
e o via sair
escorrendo pela pia branca,
se arrastando e fugindo pelo ralo.
Arrancava uma lágrima minha
ou duas.
Mas eram poucas as vezes.
No geral,
davamos as mãos
eu e meu affair russo
e girávamos
misturando as cores e
os móveis do quarto.
Eu não gostava muito,
eram nessas ocasiões que ele
me puxava
para o chão.
E eu sussurrava pra ele
eu
sussurrava e cantava
e dividíamos alguns cigarros
mas ele não era um
grande dançarino.
Todos diziam 'ele vai te
consumir'
e eu consumiria a alma dele e
seria eterno assim.
E antes que seu gosto não
toque mais
os perímetros da minha lingua,
eu ia fazer um brinde.