Poema 0820 - Brigas
Não, as frases obscenas, como seu corpo provoca,
o sol da solidão queima de dentro pra fora,
a música tem som de ontem, outra noite,
braços correm vazios ao vento do corredor,
a casa pareceu céu por instantes, por distantes.
As palavras faltam nas bocas de silêncio,
nos íntimos nenhum carinho,
olhos se fecham como se estivessem em sonho,
a tristeza respira meus pulmões secos,
não quero liberdade, ela virá, traiçoeiras palavras.
A porta se abre entre uma e outra sombra sonolenta,
os céus se fecham e abrem-se infernos,
nas mãos facas invisíveis maltratam o amor,
a fervura da saliva escorre entre dentes afiados,
dois corpos mudos adormecem separados, lado a lado.
Restou-me a despedida das horas que faltam amanhecer,
fico a espera, um mundo desabado reconstrói em meios a escombros,
palavras são jogadas sem tempo, sem respirar o desespero,
nenhuma desculpa, fica a culpa rondando os abraços perdidos,
os restos ficam parados na garganta, junto o medo, a perda, o adeus.
21/09/2006