Vida Mendiga.
Fala-me da tua época, dos teus sonhos
Mostre os teus olhos borrados
E o teu sapato engomado.
Fale da tua vida, os podres que cometeu
E aqueles cachos macios, que foi que tu fizestes?
Sentado no banco da praça
Não ri, não chora, não vê.
Como uma caixa vazia, espera o teu presente.
Pisando descalço as calçadas sujas e frias
Dorme com os ratos ao invés de no seio quente de tua amada,
Repousar a cabeça.
Olha em teus próprios olhos, pede que o esqueça.
No sol quente do meio dia, coçando os cabelos
Cuspindo na vida, pede um centavo
Vida mendiga.
Fala-me da tua época, dos teus sonhos
Porque peregrina nessa loucura se tens um amor?
Teus olhos turvos olham nos meus
Teu cheiro podre, um dia perfumado
Ri de mim com teus dentes caídos
Tua voz gutural, responde-me num escárnio:
O amor me jogou na sarjeta e mata-me nesta loucura!