Abstinência
Pude eu, minha flor, ficar sem o teu cheiro
Resisti eu, meu amor, a conviver com o medo
A minha alma que é feita da tua cor, Pétala
E a minha pele, do teu ardor, minha dádiva
Quando todos as poucas janelas se fecham
E o amor é a tua voz que vem em feixe de luz
O ar se torna tão rude; o céu sem os lápis azuis
Cuja imagem nem se pode ver agora, abafam
Eu perdi por tempo infinito o prazer tua voz
É como estar no paraíso perdido, Cego!
Como a luz que não se vê, doce sina atroz!
A de viver sem viver! Abdico, replico, nego.
Qual é a vontade que se deve ter nesta situação?
A de poder beijar um sonho e não viver a vida
É como não ter mundo e ter a alma renascida
É como ter e não ter controle sobre o coração.