Vai!

Grita, chora

Geme, implora

Quero-te caído

Mutilado, ferido

Talhado, rangendo dentes

Qual cão raivoso

Amarrado, impedido, castrado

Sem dó, nem piedade

Sem pêlo, nem vaidade

Arrancar-te os cabelos

E as vontades

E deixar-te sem nada

Um nada, jogado feito trapo

Farrapo de gente

Demente, clemente até a morte

E depois esquecer-te num canto

Imundo, com fome, sem nome

Nem língua que possa ferir-me, não

Nunca mais nenhuma palavra

Que me parta ao meio, não

Nunca mais ver-te saindo, não

Nunca mais um sorriso teu.

Bia Mendonça
Enviado por Bia Mendonça em 20/09/2006
Reeditado em 22/09/2006
Código do texto: T245152