HOMEM PERDIDO
Quando olho
pra dentro de mim mesmo,
vejo um coração
batendo a esmo.
Vejo um escuro
onde em vão procuro
sentimentos de felicidade.
Nada mais vejo
além de um homem perdido
entre fraquezas e incertezas
que me represam feito muros.
Em outros tempos procurei
fora de mim mesmo
um porto seguro.
Hoje depois de despencar
em desatada queda livre
descobri que devo resgatar meu EU
antes de projetar o que preciso
em outro alguém.
Nem por isso
a dor do abandono
deixou de me incomodar.
Bem no fundo de minha alma
sinto-me um ninguém,
por não ser a razão de vida
de alguém.
Sim, posso ouvir
a perversa lógica cartesiana
daqueles que pensam conhecer a vida
gritando a plenos pulmões
sobre os problemas maiores
que afetam outras pessoas igualmente perdidas.
Mas, afinal, que dor pode ser maior
do que morrer mesmo estando vivo,
e ser testemunha da própria solidão
a espreitar-me durante as noites
que ficam cada vez mais longas.